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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Crônica - Comp. Innocente Chiaradia


O TESOURO DE BRESA E HARBATOL – Malba Tahan (pseudônimo de Júlio Cesar de Melo e Sousa, escritor e matemático brasileiro)


Havia na Babilônia um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, inteligente trabalhador que tinha a esperança de ser muito rico. Entretanto, como e onde descobrir um tesouro fabuloso para se tornar abastado e poderoso?

Um dia parou na sua choupana um mercador da Fenícia que vendia objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas e descobriu entre elas um livro de muitas folhas com caracteres estranhos e desconhecidos. 

O mercador afirmou que essa obra era uma preciosidade e custava só três dinares. Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o vendedor baixou o preço a dois dinares.

Logo que ficou sozinho Enedim passou a examinar o livro comprado. Para sua surpresa, conseguiu decifrar na primeira página a seguinte legenda: “O Segredo do Tesouro de Bresa e Harbatol”. Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde nem quando.

Mais adiante ele traduziu: “O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome nas montanhas de Harbatol, foi ali deixado e lá ainda se acha até que alguém vá encontrá-lo.” Muito interessado, o esforçado alfaiate pôs-se a decifrar todo o sugestivo livro para aprender a buscar o fabuloso tesouro. Mas as páginas eram escritas em vocábulos de vários países, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus. Três anos depois ele deixava o ofício de alfaiate e se tornava o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que conhecesse tantos idiomas estrangeiros. Ganhava, então, muito mais e morava em uma confortável casa.

Continuando a ler o livro, Enedim encontrou diversas páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que via, estudou com os matemáticos da cidade e em pouco tempo tornou-se grande conhecedor das operações aritméticas. 

Baseado no útil aprendizado, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito. Ainda induzido pelo livro, Enedim analisou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro do reino, diante de sua notável cultura. Passou a viver em suntuoso palácio, onde era visitado pelos reis e príncipes mais poderosos do mundo. Graças a seu trabalho e à sua erudição, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria a todo o seu povo. Porém, ele ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do valioso livro.

Certa vez, Enedim teve a oportunidade de questionar um sacerdote a respeito daquele mistério. O ilustre padre explicou, sorrindo:

- O tesouro de Bresa já é seu, pois, com o trabalho de ler atentamente o livro, você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui agora. Afinal, BRESA significa SABER e HARBATOL quer dizer TRABALHO, com a simples mudança da ordem das letras das duas palavras originais.

Conclusão: com estudo e trabalho a pessoa conquista tesouros inimagináveis. Tesouro de Bresa é o saber que qualquer trabalhador pode alcançar, por meio de bons livros, que possibilitam “tesouros encantados” a quem se dedica aos estudos com amor e tenacidade.

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Fonte: livro “Os Melhores Contos”, de Malba Tahan.
Rotary Club de Tupã, 27/novembro/2012 – Colaboração do comp. Innocente V. Chiaradia (Sócio Honorário).

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