MANUAL DE PREVENÇÃO DE QUEDAS DA PESSOA IDOSA
Autoria: Centro de Estudos Ortopédicos do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo.
SOBRE A QUEDA.
Definição: deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com a incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade.
As quedas das pessoas idosas são comuns e aumentam progressivamente com a idade em ambos os sexos e em todos os grupos étnicos e raciais. Representa um problema de saúde pública.
A queda pode significar que houve o declínio das funções fisiológicas (visão, audição, locomoção), ou ainda representar sintomas de alguma patologia específica. Os acidentes por quedas podem provocar fraturas, traumatismos cranianos e morte, dependendo do caso. Afetam a qualidade de vida do idoso por consequências psicossociais, provocam sentimentos como medo, fragilidade e falta de confiança. Muitas vezes funcionam como o início da degeneração do quadro geral do idoso, pois além de reduzir sua modalidade também afeta as atividades sociais e recreativas.
FREQUÊNCIA E CONSEQUÊNCIAS.
No Brasil cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez no ano. A freqüência é maior em mulheres.
O risco de fraturas decorrentes de quedas aumenta com a idade. Estudos mostram que 40% das quedas em mulheres com mais de 75 anos e 28% das quedas em homens da mesma idade resultam em fraturas. 5 a 10% das quedas resultam em ferimentos importantes.
O risco de quedas aumenta com o avançar da idade e pode chegar a 51% em idosos acima de 85 anos. Mais de dois terços daqueles que têm uma queda cairão novamente nos seis meses subsequentes. 70% das quedas em idosos ocorrem dentro de casa.
FATORES DE RISCO.
Existem fatores que predispõem à queda no idoso e que, de forma simplificada, podem ser divididos em intrínsecos, aqueles relacionados às alterações fisiológicas do processo de envelhecimento ou então a uma patologia específica e ainda ao uso de medicamentos. Existem também os fatores extrínsecos, aqueles relacionados ao ambiente em que o idoso interage, sua casa, locais públicos e transporte coletivo, entre outros.
FATORES INTRÍNSECOS RELACIONADOS À QUEDA EM IDOSOS.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO: diminuição da visão, diminuição da audição, sedentarismo, distúrbios musculoesqueléticos (fraqueza muscular e degenerações articulares), alterações na postura, alteração de equilíbrio e locomoção e deformidade nos pés.
DOENÇAS QUE PREDISPÕEM À QUEDA: doenças cardíacas, doenças pulmonares, doenças neurológicas (derrame cerebral, demência, Doença de Parkinson, Mal de Alzheimer, doenças geniturinárias, osteoporose, artrose e labirintite).
MEDICAMENTOS: antidepressivos, ansiolíticos, hipnóticos e antipsicóticos, anti-hipertensivos, anticolinérgicos, diuréticos, antiarrítmicos, hipoglicemiantes, anti-inflamatórios não-hormonais, polifarmácia (uso de 5 ou mais drogas associadas).
Neste manual você conhecerá alguns fatores de risco que poderão contribuir para a queda nos idosos, bem como pequenas dicas que poderão ajudá-lo a tomar algumas medidas de prevenção no ambiente domiciliar, onde ocorre a maioria das quedas.
BANHEIRO: Não utilize tapetes de tecido (ou retalhos), que podem provocar escorregões (use tapetes emborrachados antiderrapantes). Caso tenha dificuldade para enxergar, evite utilizar banheiro com pouca iluminação ou com piso, cortinas e peças da mesma cor (aumente a iluminação: use lâmpadas fluorescentes, cortinas claras, assento do vaso sanitário e pia em cores diferentes das do piso e do chão). Utilizar vaso sanitário muito baixo e sem barras de apoio pode provocar desequilíbrio, além de ser desconfortável (aumente a altura do vaso e instale barras de apoio laterais e paralelas ao vaso). Evite tomar banho em banheiros com boxe de vidro, sem tapete antiderrapante e sem barras de apoio (substitua o boxe de vidro por cortinas, utilize tapetes antiderrapantes e instale barras de apoio nas paredes; na dificuldade em se abaixar durante o banho, utilize uma cadeira de plástico firme e resistente).
QUARTO: Não use tapetes soltos nem encere o piso com produtos escorregadios; evite usar calçados altos ou com solado liso e nunca ande somente de meias (use tapetes presos ao chão; quanto ao piso, o melhor mesmo é não encerar; use sempre sapatos com solado antiderrapante). Evite camas muito baixas e colchões muito macios; você pode ter dificuldade para levantar ou deitar (ajuste a altura da cama e se preciso troque o colchão por um mais firme). Nunca levante no escuro (providencie um interruptor de luz ao lado da cama ou um abajur).
SALA: Não deixe que extensões elétricas ou fios de telefone cruzem o caminho e não permita que sapatos, brinquedos e outros objetos fiquem espalhados pelo chão (mantenha os fios dos aparelhos próximos às tomadas; deixe o caminho livre e sem bagunça). Cuidado com sofás muito baixos e macios ou poltronas sem braços; você pode ter dificuldade para se levantar (prefira sofás mais altos e firmes e poltronas com braços).
COZINHA: Não utilize armários muito altos que necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos (os armários devem ser de fácil alcance e fixados à parede).
ESCADA: Nunca deixe qualquer tipo de objeto nos degraus; escadas com pouca iluminação, sem corrimão e com degraus estreitos são perigosas (a escada deve estar livre de objetos, possuir corrimãos dos dois lados, fitas antiderrapantes nos degraus e interruptores de luz, tanto na parte inferior quanto na superior).
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: Se possível escolha as cores de mobília e piso diferentes da cor do animal de estimação; isso evita que você tropece e tenha uma queda. Nunca deixe a casinha do cachorro muito próxima da entrada da sua casa. Quando for preciso prender o animal, a corrente deve ser do tamanho médio para que não cruze o seu caminho.
OUTRAS DICAS.
Consulte seu geriatra regularmente.
Faça exames oftalmológicos anualmente.
Mantenha uma dieta saudável com ingestão de cálcio e vitamina D.
Reduza a ingestão de bebidas alcoólicas.
Tome banho de sol regularmente.
Informe-se com seu médico sobre efeitos colaterais dos remédios que você está tomando.
Certifique-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e os guarde em local adequado.
Tome os medicamentos nos horários corretos e da forma que foram receitados pelo seu médico.
Participe de programas de atividade física que visem ao desenvolvimento de agilidade, equilíbrio, coordenação e força muscular.
Converse com seu médico a respeito do tipo de atividade física que você pode realizar.
Leve uma vida saudável e seja feliz.
Rotary Club de Tupã, 9/outubro/2012 – Colaboração do comp. Innocente V. Chiaradia (Sócio Honorário)